sábado, 12 de junho de 2021

A retomada das manifestações nas ruas e as eleições 2022


 

O que vale uma eleição no contexto atual? Isso pode trazer mudanças profundas?



E a conciliação de classes que Lula fez de maneira magistral nos seus governos pode repeti-la hoje? Ou será uma conciliação muito mais à direita?

O que vale para a política revolucionária entrar numa política submetida ao imperialismo?

A saída para a brutal crise atual é institucional ou o povo mobilizado nas ruas?

Estas perguntas se tornaram críticas considerando a aproximação das eleições de 2022 e a retomada das manifestações nas ruas, depois de quatro anos de congelamento, embora direcionadas pela via institucional.

O contexto geral é o da crise capitalista mais profunda de toda a história com o crescimento imparável dos volumes obscenos de capitais fictícios, que pendem qual uma “espada de Damocles” sobre as cabeças do mundo capitalista.

As burguesias e o imperialismo buscam desesperadamente uma saída para a crise. Esta tem se tornado cada vez mais impossível pelas vias tradicionais devido à impossibilidade de colocar em pé uma política alternativa ao chamado “neoliberalismo”.

Com a “pandemia”, os repasses de recursos públicos aos grandes capitalistas têm se tornado obscenos. Isso é a base da disparada dos preços das matérias primas e da carestia da vida.

Com o objetivo de conter a crise, as burguesias e o imperialismo têm imposto brutais estados de sítio, disfarçados de confinamentos pela “pandemia”, rebaixado as condições de vida dos trabalhadores e das massas de maneira escandalosa, impulsionado o fascismo e as ditaduras militares semi disfarçadas. E o mais central, direcionam o mundo a uma grande guerra como o componente central da sua crise.

Os problemas reais dos trabalhadores e dos povos

Enquanto a crise capitalista avança rumo a confrontos ainda mais duros, as burguesias e o imperialismo tentam canalizar o cada vez mais profundo descontentamento pelas vias institucionais.

No Brasil, até retiraram (pelo menos temporariamente) os processos criminais contra Lula, que agora voltou à ação política. Cabe destacar que Lula agora é um destacado militante do Grupo de Puebla, teleguiado pelo Partido Democrata de Joe Biden e Kamala Harris.

Os trabalhadores e o povo brasileiro precisam de mais comida, empregos, saúde, educação, transporte.

As eleições de 2022 poderão resolver esses problemas gravíssimos em benefício do povo brasileiro?

Lula pode vencer as eleições? Ou fará o papel de palhaço que o PT e a “esquerda” oficial fizeram em 2018 para legalizar a vitória do bolsonarismo? E que o repetiu em 2022.

E no caso, muito pouco provável, de Lula vencer as eleições reverterá os brutais ataques impostos pelo bolsonarismo contra o povo brasileiro? E a doação da Vale de 1999? E as concessões de TVs e rádios que são tratadas como capitanias hereditárias? E a destruição do Brasil operada pela Operação Lava Jato? E os “acordos” impostos pelo imperialismo contra os trabalhadores e a soberania nacional?

Sobre os programas assistenciais devemos lembrar que, quando a luta de classes está acirrada o povo apresenta a tendência ao ascenso, à luta, eles têm como objetivo por um curativo para um tumor e principalmente manter o povo controlado.

Precisamos unificar as palavras de ordem em torno à luta. É uma questão urgente.

Devemos ir às ruas no dia 19 de junho para gritar:

Fora o Governo Bolsonaro e o massacre do povo brasileiro!

Chega de geladeiras vazias e cemitérios cheios!

Levante Brasil!


    Os trabalhadores brasileiros irão se levantar?

     




    Uma das questões políticas mais latentes na situação política do Brasil e do mundo é quando os trabalhadores entrarão em movimento.

    Obviamente, a propaganda da burguesia é que isso nunca irá acontecer, que os brasileiros são pacatos e acomodados, que há a alienação, que é impossível romper com os aparatos do estado burguês e de controle do capital.

    A “esquerda oficial” atua como parte dessa campanha e é utilizada como mecanismo para direcionar o descontentamento e as lutas para a saída institucional ou para validar a “legitimidade” das “vitórias” e dos ataques da direita e do imperialismo.

    No Brasil, esse processo ficou muito mais escancarado a partir de 2016 e ainda mais a partir de 2018 com as eleições que impôs o bolsonarismo numa das maiores fraudes da história do Brasil.

    Por que os ataques contra os trabalhadores aumentam?

    O principal motivo é que as engrenagens do capitalismo estão engasgadas, principalmente desde 2008.

    A inundação do mercado mundial com crédito público e o repasse obsceno de recursos públicos às grandes empresas não conseguiram evitar o novo colapso que começou a acontecer desde o final de 2019.

    A “pandemia” tem sido usada como um dos componentes da política atual, que tem componentes militares muito fortes, para “gerenciar” esta que é a maior crise capitalista de todos os tempos.

    Os capitalistas enfrentam crescentes dificuldades para extrair lucros da produção. As leis do capital  encontram-se cada vez mais tensionadas. A especulação financeira que foi convertida num dos componentes mais importantes da reprodução ampliada do capital só cresce em cima dos repasses de recursos públicos que desde março de 2020 têm se tornado obscenos.

    O que coloca os trabalhadores em movimento?

    O que coloca em movimento os trabalhadores é o aprofundamento da crise.

    Uma revolução na Noruega, na Islândia, Mônaco ou na Suíça nas condições atuais é bastante improvável.

    O sistema capitalista mundial é um todo integrado. O imperialismo tem a capacidade de desviar as tendências revolucionárias aos elos mais fracos da corrente capitalista mundial.

    Até agora as revoluções têm triunfado em países muito atrasados justamente por esse motivo. E também por causa dele esses países se burocratizaram e não conseguiram avançar em direção ao socialismo que implica em quebrar a Lei do Valor.

    A Outra Carta do Che Guevara a Fidel é muito clara a esse respeito.

    A novidade que nós temos no último período é a explosão de gigantescas mobilizações de massas em países “estáveis” como o Chile pinochetista, que era o modelo do imperialismo norte-americano para a América Latina junto com a Colômbia que é o ponto pilar desse modelo.

    A burguesia busca impor como saída para sua crise a guerra contrarrevolucionária e para isso precisa pacificar as sociedades por meio de ditaduras cada vez mais ferozes e o fascismo. Mas a contrarrevolução anda de mãos dadas com a revolução, e vice-versa.

    A pseudo “esquerda” oficial pode enfrentar o massacre do Brasil?

    Não. A pseudo “esquerda” oficial se encontra plenamente integrada ao massacre do Brasil operado pelo governo Bolsonaro que impõe o massacre do Brasil a mando dos grandes empresários e do imperialismo.

    Desde 2017 a pseudo “esquerda” oficial não somente não organizou um único protesto nem sequer uma única greve importante; pelo contrário, se dedicou a quebrar todas as iniciativas nesse sentido.

    No sábado, 29 de maio, aconteceram manifestações pelo Fora Bolsonaro, fortemente direcionadas às eleições de 2022. Se tratou de uma saída institucional perante o temor de que no Brasil aconteça uma explosão social similar ao que aconteceu na Colômbia. Uma saída institucional para o crescente descontentamento social, dentro dos marcos do próprio governo Bolsonaro.

    A pseudo “esquerda” oficial atua abertamente a serviço das políticas aplicadas pelo Governo Bolsonaro.

    O governo do Estado de Pernambuco (PSB/ PCdoB) reprimiu violentamente as manifestações contra Bolsonaro.

    O governo de Rui Costa (PT/ Bahia) aplica no estado a mesma política privatista do governo Bolsonaro.

    A máfia sindical transformou os sindicatos em cartórios direcionados a negócios espúrios e tem sido instrumento das privatizações e dos ataques contra as condições de vida dos trabalhadores.

    As “reformas” trabalhista e da Previdência Social, a PEC 186 que abriu o caminho para impor de maneira ainda mais dura a Lei do Teto contra os gastos sociais passou de lavada e sem que as direções oficiais convocasse um único protesto.

    Recente aconteceu o assassinato de um trabalhador dos Correios, Ademir Souza (CTC Mocca/ São Paulo), que foi executado por um policial por três tiros, em horário de serviço e fardado. É a primeira vez que o assassinato de um trabalhador de uma empresa importante acontece em São Paulo desde a execução de Manoel Filho em 1977 pela polícia de Maluf. A máfia sindical e os partidos políticos oficial o máximo que conseguiram produzir foi uma notinha simbólica de condolências.

     A direitização da pseudo “esquerda” oficial é fulminante, até porque ela própria se encontra em fase terminal, a partir do processo em que ela se formou como produto da enorme pressão exercida pelo imperialismo para impor o chamado “neoliberalismo” na década de 1980 e que incluiu a queda do Muro de Berlim e da União Soviética.

    A diferença entre um período não revolucionário e um período revolucionário

    Conforme as palavras de Vladimir Ilich Lenin, o líder da Revolução Russa, um período revolucionário acontece quando “os de baixo não querem mais e os de cima não podem mais” viver como antes. Nessas condições, as massas são empurradas à revolução.

    A política da “esquerda” oficial, e até de setores da esquerda revolucionária, é que não dá para fazer nada porque ainda estamos num período não revolucionário, os trabalhadores não protestam ou que não existe uma esquerda revolucionária.

    Na realidade, um período não revolucionário, pré revolucionário e revolucionário não são totalmente puros.

    As massas ainda não estão nas ruas no Brasil, mas a temperatura social só aumenta em cima do aprofundamento da crise e a desagregação do regime político.

    A burguesia tenta conter a crise em cima do endurecimento do regime político e a implementação de métodos cada vez mais abertamente militares.

    Mas o movimento de massas ainda não foi derrotado e tende a entrar em movimento em cima da brutalidade da pressão.

    Quais serão as características dessa explosão? Não sabemos, mas sabemos que os componentes que conduzem a ela se fortalecem e de maneira acelerada.

    Quais são as tarefas colocadas para os revolucionários hoje?

    Nós revolucionários devemos atuar hoje nos preparando para atuar no ascenso de massas colocado a seguir.

    Precisamos colocar em pé uma forte máquina de agitação e propaganda para funcionar como eixo da nossa ligação com o movimento de massas.

    Precisamos fortalecer a nossa organização para podermos atuar como organizações de combate, com a capacidade de organizar a luta dos trabalhadores em quaisquer circunstâncias.

    Precisamos buscar a unidade com outros revolucionários em cima de política revolucionárias, deixando de lado cultos a personalidades do passado; ao mesmo tempo, precisamos aprender com as experiências do passado para colocarmos em pé a política revolucionária hoje.

    Precisamos ter em mente o que aconteceu em 2013, quando a esquerda foi colocada para fora das ruas pelos fascistas em três dias. Aprendemos com a experiência das primeiras linhas do Chile e da Colômbia, como mecanismos de autodefesa contra a brutalidade das forças repressivas.

    Temos o dever de confiar nos trabalhadores e nas massas. E de desconfiar profundamente da burguesia e do imperialismo.

      Devemos ousar, entendendo a política como a unidade da teoria e da prática. O marxismo é um guia para a ação (não um dogma) para organizar a luta dos trabalhadores e das massas para derrubar o capitalismo, expropriar a burguesia e estabelecer o poder dos trabalhadores e a propriedade social dos meios de produção, o socialismo.


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